domingo, 18 de maio de 2008

Jacques Prévert

Cá estou, dando o ar da graça. Merece registro aqui que outro dia fizemos uma soirée littéraire na Associação de Cultura Franco-Brasileira. Eis que descubro então que o unânime Jacques Prévert era danado, no melhor sentido do termo! (Aliás, os franceses são um caso à parte, pour moi). Deliciosamente ácido, por exemplo, é o poema Et Dieu chasse Adam. Segue tradução aproximada.

E Deus expulsou Adão

E Deus expulsou Adão com golpes de cana-de-açúcar
E assim fabricou o primeiro rum na terra.
Adão e Eva cambalearam
pelos vinhedos do Senhor.
A Santíssima Trindade os encurralava.
Mesmo assim continuaram cantando
com voz infantil de tabuada:
Deus e Deus quatro
Deus e Deus quatro
E a Santíssima Trindade chorava.
Por cima do triângulo isóscele e sagrado
um biângulo isopicante brilhava
e eclipsava o outro.

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