Com a devida reverência, apresento-lhes a escrita de Rita Orsolin, que mora aqui do ladinho, pertinho de todos nós. A poesia dela impacta pela precisão afiada de cada signo. E ela tem mais cartas na manga...aguardem.
Cheiros
Histórias a serem contadas
São o passado vestido de arco-íris
Mas sem o pote de ouro no final
Várias línguas misturam-se
Nesse contar e recontar os momentos.
As costuras vão unindo retalhos
Que me cobrem parcialmente
Ou me deixam totalmente nua.
Os rostos, expressões, timbres
Tudo fica guardado em meio aos ácaros,
à poeira, às teias e à melancolia.
E remoer tudo isso é asfixiar-se aos poucos,
Ou inebriar-se de vez.
Quero levar um pouco de tudo,
Mas de poucas coisas quero guardar o cheiro.
Posso sentir, muito presente e perceptivo,
Cheiro de mãe
Cheiro de filhos
Cheiro de amor, de seus cabelos, de seu pescoço, hálito e abraço.
O cheiro mais distante é o de pai
Não aquele disfarçado de destilado
Mas o de colo
De suor do trabalho
Da barba recém feita.
São os cheiros que busco mais e mais reviver
Pra jamais apagar
E que vão se solidificando, imperceptivelmente.
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