terça-feira, 5 de abril de 2011

Vinícius Piedade no palco e o posfácio "saga do indulto"

O sábado foi bastante emocionante. Exótico, eu diria. Começamos com o furacão-vulcão-arco-íris Vinícius Piedade. Começamos muito bem, portanto. O moço deixou a platéia catatônica, em transe, com um texto veloz, visceral, flamejante. Um incendiário poético, engraçadíssimo e comovente ao mesmo tempo. No palco, um ator de primeira linha, sem dó nem Piedade de fazer vir à tona os dramas e delícias dos seres que somos, encarcerados – mais literalmente do que metaforicamente, talvez. Um ator libertário. Um texto libertário, delicioso e implacável.  Vontade de comprar um piano no dia seguinte.
Terminada a peça, fomos comer algo eu, Ana e Juca. Frango e batata frita. E muitas risadas. Impressionante o ilimitado poder de criação que brotava ali naquela mesa de seres alados.
Encerrada a sessão espírita, nos encaminhamos para o que seria o rumo de cada um na vida. Ana entregue em casa, Juca entregue no local onde lhe esperavam e a criatura que narra esta saga entregue a lugar nenhum, porque o carro não ligou mais. A bateria morreu depois dos 30 min em que os dois ocupantes do veículo ficaram papagueando passagens da peça e inventando mil construções cômicas e estapafúrdias com alguns signos – alvará de soltura (que depois mudamos pra esta coisa sonora e também afrodisíaca chamada indulto); a ala A e a ala B; etc.
Nada de partida. Carro morto. Cárcere. Liguei pro Juquito : “volta, meu filho! o carro coisô. Sabe o Murphy? Pois é.”
Volta o Juca e diz : “liga o pisca alerta e vamos pôr o triângulo.”
- O das Bermudas ou o Mineiro?
- O da puta que o pariu.
- Ah, bom. Esse deve estar no porta malas.
Triângulo colocado, pisca ligado, aguardando a vinda do socorro que chegaria ainda naquela encarnação. Eu e Juca mentalizando “vem, diabo!”
Veio o socorro. O indulto. O alvará de soltura. Tudo acabou bem, sem rebeliões.
Na segunda-feira, ao entrar no carro novamente, vejo um livro deixado: Essas moças que me causam vertigens. Mudo todos os planos e decido inflar os pulmões com o livro. Ao lado, o triângulo amoroso das bermudas mineiro me olhava.

10 comentários:

Anônimo disse...

irreverente!!! huahsuahauhauhusa!!!

Ariely Basgal - Ji-Paraná/RO disse...

Belo texto! Adorei!

Daniela Valiente disse...

kkkkk, e eu perdendo tudo isso...ô minha nossa.

Thays Petters disse...

morrriiii com vocês! hahuaha

Jeane Hanauer disse...

Dani: nao se preocupe, novos triângulos virão.
Valeu Thays e Marisete!Que bom que riram!

Jeane Hanauer disse...

Ariely: obrigada!Mantenha contato! Será um prazer!

Unknown disse...

Como já mencionei, fantástico teu texto Jeane. Tive a sorte e a honra de fazer parte desta história tão "indultamente" narrada.
Dani, saia da "toca" e nos dê o prazer da sua companhia. Você faz falta, garota. Estou com saudade.
Jeane, vamos repetir a dose, mesmo sem um espetáculo como o Vinícius Piedade, mas com indultos, triângulos, alvarás, regados a conversa "gastronômica-cultural" entre nós, claro, "moças que causam vertigens".
P.S.: Aceitamos também a companhia de "moços que causam vertigens"
RSRSRSRS...
Bjs

Complemento Lunar disse...

isso é crônicaaaaaaaaaa de primeiríssima ordem ou desordem...
pqp... demaissssssssss...
acredito nas personagens e no diálogo...
deus, onde estás que não me mandou em forma de pulga ou vagalume para piscar com esses estelares?
beijão. amei. medina.

Jeane Hanauer disse...

Mon cheval!! merci. très douce! faltou vc no triângulo haha.

Jeane Hanauer disse...

Ana, flor de pessoa: bem lembrado, aceitamos também moçoilos que causam vertigens, rs. Adorei teu comentário, muito vertiginoso, rs! Acertou na mosca. Vou marcar nova sessão de descarrego daquela. Com pisca alerta e tudo, rs. Beijão, Ana.