quinta-feira, 14 de maio de 2009

Escrever é ser livre


Nesta quinta-feira chuvosa e ideal para coisas temperadas com canela e adjacências estou aqui revendo as anotações que fiz no meu caderninho rosa durante o Salão do Livro. Vou listar alguns episódios e falas – incluindo os bastidores – que vão ficar pra sempre suavizando a minha existência que já é, por escolha tácita, suave e prazerosa como o tiramisu que provamos no domingo. Aliás, o almoço antes desta luxuriante sobremesa foi tão inesquecível quanto, na companhia de pessoas tão doces quanto.
Carpinejar: dividir o palco com esta irreverência ambulante foi um dos mais belos presentes que o cosmos já me proporcionou. Quando vi que havia mais peças do figurino naquela bolsa, além da peruca rosa, roubei o acessório baiano e aí foi uma hecatombe. Fabrício dividiu águas na minha escrita e no meu projeto irrevogável. E meus olhos felizes como nunca.
Marcelo Almeida: os colegas que estavam na roda de conversa com este deputado- mistura-de-menino-maluquinho-com-pequeno-príncipe foram unânimes em dizer que talvez este tenha sido o momento mais fantástico do evento e o que renderá mais frutos, parcerias, horizontes.
Loyola: com platéia lotadíssima e extasiada, lá pelas tantas ele disse algo sobre o qual nós , que escrevemos, concordamos efusivamente: “a literatura é uma forma de vingança: escrevendo, você se vinga das frustrações, esquisitices, indignações, neuras, etc.”. Melhor definição impossível. E ele acrescentou e eu anotei com os olhos úmidos: literatura é liberdade. Ponto final.
Pedro Bandeira: contra toda a epidemia de posturas equivocadas ao cúmulo, ele deu coordenadas categóricas referentes à conduta dos professores. Entre outras coisas a reverter neste cenário caótico, está o famigerado argumento do aluno de que “isso é chato”. “Chato é ser burro”, declarou. Particularmente feliz e carnavalesca fiquei com a observação meticulosa feita por Pedro de que meus poemas são substantivados, que isso foge do usual e de que não me escondo atrás da escrita.
Tezza: este homem é um caso à parte. Nos impactou seu jeito terno, despojado e seu humor delicioso já na primeira vez em que o trouxemos a Foz, na ocasião do 1º encontro de escritores do extremo-oeste. No Salão ele levantou novamente a lebre do pouco reconhecido trabalho literário: ninguém coloca um anúncio solicitando os serviços de um escritor, algo como “precisa-se de poeta com experiência; paga-se bem; interessados enviar currículo para...”.
Lira Neto: lamentavelmente havia uma platéia minúscula para ouví-lo, assim como aconteceu com a maioria dos convidados, a propósito. Azar de quem perdeu. O cavalo não passa encilhado duas vezes. Ele é um encanto e o relato de como foi escrever a biografia de Maysa foi surpreendente. A biografia de Padre Cícero está agora sendo escrita e foi de cair o queixo ouví-lo contar coisas a respeito tanto do “padim” quanto da minha porta-voz Maysa. Quando eu crescer quero ser como ela.
Eduardo Cáffaro: que voz dos deuses é essa, gente? Anotem este nome porque trata-se de fino naipe do canto que vai estar na alta roda da música brasileira em breve. Sueli já está convocada e intimada a levar esse talento para as outras feiras que ela organiza pelo país, inclusive para a Bienal do Livro de Curitiba, em setembro. Aliás, iremos para lá em apoteótica comitiva, claro.
Há muitos outros momentos a serem comentados, emoções que afloraram, coisas aprendidas, pessoas incríveis daqui que ainda não conhecíamos e com as quais estabelecemos amizade e parcerias – “a vida é a arte do encontro”. A propósito, merece registro e agradecimento a cobertura fotográfica de Marcos Labanca.
Claro que este evento precisa ser avaliado, melhorado, reconfigurado. Isso será feito. Enquanto isso, desde já, aguardamos a próxima edição, quando o cavalo passará mais encilhado ainda.

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