O corpo e a arte

As infinitas possibilidades de movimento do corpo humano constituem beleza à parte. Estamos falando da dança. Ontem o Ballet de Londrina nos proporcionou um espetáculo de primeira grandeza, onde este maravilhoso signo que é o corpo transmitiu as coisas da natureza humana em fortes nuances e sutilezas.“Este excelente, completo e confortável corpo”, como diz Drummond.
O espetáculo tem um título pra lá de bem escolhido – Para acordar os homens e adormecer as crianças. Acho que cumpriu o propósito. Ninguém fica imune à beleza e a harmonia de movimentos impregnados de sentimento e significados. O propósito da dança é o propósito de toda arte: melhorar as pessoas. A gente sempre melhora quando cultiva música, teatro, literatura, mímica, dança, cinema e demais artes. A gente aprende outras perspectivas e sempre reconfigura um pouco as sensações, as idéias, os parâmetros, as posturas. Amplia os horizontes internos. A arte é fundamentalmente apaziguadora. Um refúgio rejuvenescedor e curativo.
O ditado diz que “quem canta seus males espanta” e isso é inquestionável. Poderíamos adaptar a sabedoria para “quem dança seus males espanta”. O contorcionismo, a arte marcial, a ginástica olímpica, a mímica e a dança elevam as pessoas a outros planos, de uma forma ou de outra. A outro estado de coisas. Quem se deixa arrebatar pela arte do movimento é mais feliz, isso é fato.
A propósito, vale a pena aproveitar o ensejo para destacar que o espetáculo aconteceu no Teatro Barracão e que aquele espaço merece ser tratado com o devido cuidado – leia-se remodelado e melhorado. Diante da inexistência (ainda!!) do eternamente esperado Teatro Municipal, o Teatro Barracão pode abrigar sim os espetáculos produzidos aqui e os que vem de fora. Uma reforma iria bem. Os artistas agradecem. A platéia, o turismo e o futuro também agradecem.