Eu canto com minha voz, com meu corpo, com meu sexo. Eu canto toda.
(Janis Joplin)
Dentre as expressões de comunicação existentes, pode-se afirmar que o canto é sem dúvida a mais antiga delas. Sim, pois é fato que pássaros, baleias, e outros seres da natureza se utilizam desta técnica desde a aurora de nossos tempos.
Nos seres humanos a arte de cantar também se desenvolveu logo cedo. Talvez imitando os pássaros, ou mesmo por instinto, os humanos primitivos esboçavam seus primeiros solfejos e primeiras notas. Logo depois, o canto, já mais aprimorado, ganhou conotação espiritual e era sempre utilizado para louvor ou harmonização com a natureza (prática, aliás, utilizada até os dias de hoje).
Conforme as civilizações surgiam, a música evoluía com elas. Destaque para a Grécia, que foi a primeira a se aprofundar nos estudos musicais. Na verdade, grande parte da terminologia e estrutura musical que conhecemos hoje surgiu por volta do Séc. VI A.C, sendo o célebre matemático e filósofo Pitágoras um dos que mais contribuíram para a evolução da teoria musical do canto.
Logo depois vieram os romanos, que herdaram dos gregos a arte do canto, expandindo esta nobre arte para todo o mundo ocidental. Porém, foi apenas a partir do século XII, com o advento da “música profana”, que o canto musical deixou de ser exclusivamente religioso e passou a ser mais puramente arte de expressão.
Os escravos africanos nas Américas conheciam bem o canto e fizeram dele uma grande ferramenta de comunicação que, em certos momentos da história, foram fundamentais em sua luta pela liberdade. É interessante destacar também que alguns dos hinos tradicionais dos Estados Unidos eram originalmente códigos que indicavam rotas de fuga para escravos fugitivos.
Na Inglaterra vitoriana, a arte do canto era regra obrigatória para adultos e crianças com a finalidade de amenizar as longas horas de trabalho em tempos de revolução industrial e servir como canal importante de educação.
Nos dias de hoje, a música, já altamente desenvolvida, com grande suporte tecnológico e com inúmeras técnicas voltadas a buscar a perfeição do canto, sofre, contudo, certa marginalização por parte das pessoas em geral, devido ao fenômeno iniciado no século XX, que é a criação de ícones que aparentemente são intocáveis e inatingíveis. Dentro da cultura popular contemporânea, existe o mito de que cantar é apenas para profissionais e que, em caso contrário, não vale a pena dedicar-se a esta prática.
No entanto, assim como no passado, cantar é a mãe de todas as linguagens e torna a vida das pessoas muito mais leve e agradável. Portanto, cante sempre, pois, como diz o velho adágio, “quem canta, seus males espanta”.
(Stuart Spencer)
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