quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O circuito ideal é o de menor resistência

“Nada no universo é permanente, pois tudo vive apenas o tempo suficiente para morrer.
Mais cedo ou mais tarde, tudo retornará ao seu oposto.
Não importa quão agradável seja uma situação, ela logo desaparecerá.
Não importa quão insuportável seja uma situação, ela logo melhorará.” (princípio taoísta)

A duras penas tenho aprendido e adotado este principio da eletricidade que muito bem explica o que é um padrão de comportamento tranquilo, equalizado, sem dispêndio de energia. Coisas fluindo sem sobressaltos e nada de perturbações que não valem a pena. Não é este o padrão da sociedade atribulada de hoje, todo mundo correndo feito doido, todo mundo “surtando”, todo mundo tendo curtos circuitos internos. Ninguém está livre de “surtozinhos” vez ou outra, claro (muito menos eu, sob este predestinado signo de Joana D'Arc).
Mas a gente vai descobrindo caminhos pra driblar os incômodos e coisas non gratas. Vai aprendendo a diferenciar energia boa e ruim e escolher só coisas energeticamente saudáveis e prazerosas. Na semana passada, selecionei alguns ensinamentos do budismo que justamente mostram de forma muito certeira como deveria ser nosso “funcionamento”. O taoísmo explica de maneira brilhante este princípio do circuito ideal, o chamado “caminho do meio” do budismo. “Se nos refrearmos de agir em oposição à natureza – de ir contra a semente das coisas – estamos em harmonia com o Tao e, dessa forma, nossas ações serão bem-sucedidas. Este é o significado das palavras aparentemente tão enigmáticas de Lao-Tsé: “através da não-ação, tudo pode ser feito”.(...) Heráclito partilhava destes fundamentos quando dizia que “tudo flui”. (Capra, O Tao da Física).
A grande origem de nossas angústias e´ que nós, os ocidentais, vemos as coisas sob o ponto de vista da dualidade (bem/mal, certo/errado, fácil/difícil,etc) e não entendemos a transitoriedade. Os orientais acreditam na não-dualidade, na mudança, na impermanência e o mundo é visto de forma orgânica. Tudo é entretecido numa única teia. O todo contém o um e o um contém o todo. “Essa realidade submicroscópica, das interações das partículas subatômicas de que toda matéria é composta” é o objeto de estudo da Física Moderna, explica Capra. E esta realidade já é explicada milernamente pelos orientais, de forma bastante similar.
O próprio Eclesiastes, se preferirem a fonte bíblica para elucidar este mesmo princípio, afirma: “Tudo tem sua ocasião própria e há tempo para todo propósito debaixo do céu.(...) Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar(...). Há tempo de guardar e tempo de jogar fora (....) tempo de guerra e tempo de paz.”
Mas nós ficamos geralmente resistindo ao fluxo e ao tempo requerido por cada ciclo. E, saímos do circuito ideal, dessintonizamos.
Quem pretende viver bastante – todos queremos - precisa render-se a estes e outros ensinamentos “tiro e queda”. Viver e deixar viver.

2 comentários:

Thays Petters disse...

“Tudo tem sua ocasião própria e há tempo para todo propósito debaixo do céu.(...) Tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar(...). Há tempo de guardar e tempo de jogar fora (....) tempo de guerra e tempo de paz.”

ADOREI!

Ahab disse...

Concordo no ponto de que não devemos fluir contra a ordem natural das coisas... Devemos deixar acontecer, como a água segue seu curso rio abaixo, não devemos nos interpor no seu caminho, pois ela sempre dará um jeito de contornar. E assim devemos viver a vida... Se vem os obstáculos... devemos ser como a água, e com força derrubar, ou com flueza trespassar...

Eu prezo muito pela Dualidade da qual tu remete a uma visão mais ocidental. Porém esquece-se do Yin Yang que é as expressão máxima da dualidade Oriental. As forças do bem e do mal agem. cabe a nós conciliarmos tais forças... pois como você disse... Ninguém está seguro o tempo todo, assim como ninguém está desesperado o tempo todo. Esse é o caminho do meio.

Eu falei disso no último post no meu blog. Depois tu dá uma conferida na minha forma de ver a vida como religião/filosofia.

Bom... de qualquer maneira essa é minha visão baseado em princípios hinduístas. E como já dizia um velho ditado hindu. "Nenhuma explicação excluí a explicação contrária", ou seja... não existe verdades ou mentiras... Existe aquilo da qual temos a fé de uma certeza subjetiva.

Ahhhhhhhhh Gostei do espaço aqui. rsrs... Gostei mesmo.

Direto do Rio.
Beijos