quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Viva o sábado: tem sarau no Soho!

Reforço aos queridos leitores o convite para o sarau que já vem sendo anunciado na Gazetinha nos últimos dias. O evento é amanhã (26), 19h, no Soho Lounge Café, que gentilmente está sendo parceiro desta iniciativa. O local dispensa comentários, os frequentadores concordarão comigo. Além das leituras e projeção de vídeos sobre Rimbaud e Clarice, haverá sessão de autógrafos de “234 posições pós-modernas” (uau!), música ao vivo e a cores, muito boa conversa, gente inflamável, descontração da melhor espécie e exorcismos artístico-aleatórios no cardápio paralelo.
Temos realizado vários saraus na cidade e são ocasiões sempre muito enriquecedoras e aconchegantes. Amizades valiosas têm acontecido, talentos têm vindo à tona e belas parcerias vem acontecendo em razão destes encontros.
Sobre Clarice Lispector, sua amiga Olga Borelli observou: “seu porte tinha algo da humildade de uma camponesa mesclada à altivez de uma rainha”. Numa carta a Olga, Clarice revela coisas de sua personalidade que derrubam alguns estereótipos. Recorto um fragmento:
“Precisamos conversar. Acontece que eu achava que nada mais tinha jeito. Então vi um anúncio de uma água de colônia da Coty, chamada Imprevisto. O perfume é barato. Mas me serviu para me lembrar que o inesperado bom também acontece. E sempre que estou desanimada, ponho em mim o Imprevisto. Me dá sorte. Você, por exemplo, não era prevista. E eu imprevistamente aceitei a tarde de autógrafos. Sua, Clarice.”
Relendo o material que acompanha uma exclusiva edição de A Paixão Segundo G. H. (que me foi calidamente presenteada em Buenos Aires) deparo-me com um poema de João Cabral de Melo Neto feito para Clarice. Por ele se tem uma idéia da areia movediça clariceana:

Contam de Clarice Lispector

Um dia, Clarice Lispector
intercambiava com amigos
dez mil anedotas de morte,
e do que tem de sério e circo.

Nisso, chegam outros amigos,
vindos do último futebol,
comentando o jogo, recontando-o,
refazendo-o, de gol a gol.

Quando o futebol esmorece,
abre a boca um silêncio enorme
e ouve-se a voz de Clarice:
Vamos voltar a falar na morte?


O poeta Rimbaud, que também não é café pequeno, será devidamente apresentado e degustado amanhã. O evento acontece graças aos seguintes parceiros, além do Soho: Associação de Cultura Franco-Brasileira de Foz do Iguaçu, Chancela do L'Année de la France au Brésil, o colega Nilton Bobato, Angi Net, Companhia de Teatro Amadeus e Miró Produções.

2 comentários:

Anônimo disse...

Deve ter sido uma delícia. Nossa!
Quanta coisa perdi, hein?!
Jeane, você está proibida de escrever desse jeito, viu?! Esse teu jeito de escrever dá água na boca. Agora eu fico aqui me lamentando por não ter ido. Ahh! :P
Enquanto eu não me desenrolo, aproveite esses eventos por mim, fechado?!
A gente se encontra.
Beijos, meafrô!
Dai

Ahab disse...

Bom... esse tipo de coisa não é para mim. Mais soube que tu ficou bem contente com o evento.

É bom quando fazemos algo da qual gostamos.

Eu particularmente gostaria de ir a uma feira de quadrinhos e nunca tive a oportunidade. Um dia eu ainda vou estar entre os nerds. rsrs...

Direto do Rio.
Beijão linda.