sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Coco Avant Chanel

Audrey Tautou é a estilista Chanel, no filme Coco Avant Chanel.
Para quem quer uma referência, Tautou é a atriz que fez O Fabuloso Destino de Amèlie Poulain, um filme que deve ser visto várias vezes, preferencialmente. Amèlie pode ser descrita como uma versão de Pequeno Príncipe. Os ensinamentos são parecidos.
Chanel não era café pequeno. Como Claudel, como Kahlo, como Piaf: ela era desta estirpe. Abriu alas para o seu carro alegórico de chapéus e roupas sem aquelas toneladas de coisas de mau gosto penduradas. Elegância sóbria. Porque ela era sóbria, lacônica, absorta. E autêntica. A autenticidade sempre requer coragem.
Bem provável que Channel era filha de Iansan. Joana D’Arc era regida por esta divindade. Logo...as mulheres sob este signo – as que inauguram paradigmas – devem ter também esta “genética”.
Sempre faço uma associação entre pessoas desta natureza e penso que há um fio condutor que une todas elas. Sendo assim, a lista é grande. Vai de Baskiat a Hermeto Pascoal. São pessoas com indomável genialidade e que escolheram levar a cabo seu talento – sua missão cósmica – plenamente, sem meio-termo, e sob todos os riscos e preços a pagar.
Uma escolha corajosa sempre implica descartar o que não interessa e dedicar-se ao que pulsa nas veias. Simples e complexo assim.
Geralmente os artistas sofrem todos esta mesma “condenação”: ter que revezar entre a freqüência vibratória infinitamente superior e equalizada da criação e o mundo “real” (que de real não tem nada, ao contrário). As duas coisas vão na contramão e são quase ou totalmente incompatíveis. Este estado de coisas instaurado é inconciliável com a sutileza desta outra faixa de existência que é a da arte e a do trabalho com energias elevadas.
Por esta comprovada incompatibilidade, chega um momento em que o artista é obrigado a fazer a escolha categórica de não sair mais da freqüência ideal e não interromper mais o fluxo do seu trabalho. Não boicotar mais os desígnios da sua alma e dar passagem à sua genialidade – sua condição divina. Por isso temos Mozart, Naná Vasconcelos, Chaplin, Cortázar, Lispector, Marceau, Kieslowski, Walter Salles, Selton Mello, Piazzolla e por aí afora.

Um comentário:

Caio Martins disse...

"Elegância sóbria. Porque ela era sóbria, lacônica, absorta. E autêntica. A autenticidade sempre requer coragem."
Nada há a comentar, após essa frase. Referi-me recentemente, numa discussão, ao fascínio que exercem as mulheres adultas e de caráter forte, independentes e cultas, inteligentes e donas de si. Ou seja, as que não são, como diz, "café pequeno".
Parabéns, Jeane.